Quando Robin Le Normand, zagueiro do Atlético de Madrid abriu o placar aos 14 minutos, o Derby de Madrid nunca mais seria o mesmo. O confronto, realizado no Estádio Alfredo Di Stéfano, terminou 5 a 2 para o Atlético, encerrando a sequência invicta do Real Madrid CF na fase inicial da La Liga 2024/25.
O clássico, que já soma 241 encontros, costuma ser definido por lances de fogo, mas a partida de 27 de outubro de 2024 ficou marcada pela brutalidade da vitória atlética. Até então, o Real liderava o campeonato com quatro triunfos consecutivos, enquanto o Atlético ocupava a terceira posição, a oito pontos de distância. O técnico Diego Simeone havia prometido "jogar o nosso melhor futebol contra o maior rival da Espanha", enquanto Carlo Ancelotti do Real só esperava manter a invencibilidade.
Historicamente, o Derby de Madrid tem sido palco de reviravoltas. Em 2014, o Atlético venceu por 3 a 1, e em 2022 o Real triunfou nos minutos finais. A temporada de 2024 trazia ainda mais ansiedade: o Real recém‑contratou o atacante Karim Benzema, enquanto o Atlético reforçou o ataque com Alexander Sorloth e Julian Álvarez.
O primeiro tempo foi uma montanha‑russa. O Real saiu na frente aos 7 minutos, após um cruzamento de Luka Modric que encontrou Karim Benzema. O Atlético empatou com Le Normand, porém o Real voltou a liderar de novo com um gol de Vinícius Júnior. Ainda assim, a balança começou a mudar quando, aos 45+3, Alexander Sorloth ajeitou a rede, deixando o placar 2 a 2 no intervalo.
No segundo tempo, o Atlético ligou o turbo. Julian Álvarez converteu um pênalti aos 51 minutos e, apenas 12 minutos depois, marcou novamente após boa jogada coletiva. O duplo foi o que colocou o Real em dívida de três gols. A partida ainda não tinha sido decidida quando Antoine Griezmann, que ainda não havia balançado as redes na temporada, encontrou o fundo da rede aos 90+4, selando o 5 a 2.
O placar final foi surpreendente, mas o que realmente impressionou foram as estatísticas: posse de bola de 62 % para o Atlético, 18 finalizações (11 a alvo) contra 7 do Real, e 10 cartões amarelos distribuídos, quatro deles ao time madrilenho.
Nas redes, a explosão foi instantânea. Torcedores do Atlético comemoraram nas ruas de Madrid e em Salamanque, enquanto seguidores do Real compartilharam mensagens de apoio ao técnico Ancelotti. "Foi um clássico, mas o Atlético jogou como se fosse final de Champions", disse o analista esportivo Pedro Pereira no programa "Olé" da TV. Já o presidente do Real, Florentino Pérez, declarou em coletiva: "Precisamos reagir, a temporada é longa e ainda temos muito a conquistar".
Do lado do Atlético, Simeone elogiou a disciplina tática: "Cada jogador cumpriu seu papel. A vitória é fruto de trabalho, não de sorte". O capitão, Koke, ressaltou a importância de manter o espírito de luta em casa.
Com a vitória, o Atlético saltou para o segundo lugar, a apenas três pontos do líder, enquanto o Real caiu para a quarta posição, agora a 11 pontos de distância do topo. O choque tem repercussões imediatas nas apostas e nos mercados de transferência: o valor de mercado de Álvarez subiu 12 % nas últimas 24 horas.
Especialistas apontam que a derrota pode gerar mudanças nas linhas de ataque do Real, sobretudo na relação entre Benzema e Vinícius. Enquanto isso, o Atlético demonstra que o estilo de jogo compacto de Simeone ainda funciona nos grandes momentos.
O próximo desafio imediato do Atlético será a partida de ida das oitavas de final da Champions League contra o Eintracht Frankfurt. O técnico espanhol já declara: "Vamos levar esse ímpeto para a Europa e lutar por outra final".
Para o Real, a prioridade é recuperar a confiança antes do clássico contra o Barcelona, marcado para 5 de novembro. Ancelotti promete reforçar a linha defensiva e talvez dar mais minutos ao jovem Jude Bellingham para equilibrar o meio‑campo.
O primeiro duelo entre Atlético e Real aconteceu em 1929, no antigo Estádio Metropolitano. Desde então, o clássico acumulou mais de 80 vitórias para o Real, 60 para o Atlético e 100 empates. O maior placar registrado foi 7 a 0 a favor do Real, em 1933. Nos últimos dez anos, o clássico tem sido decisivo na luta pelo título, com duas edições (2013/14 e 2020/21) decididas nos últimos minutos.
Além do aspecto esportivo, o Derby de Madrid reflete divisões sociais e culturais de Madrid: o Atlético tradicionalmente representa a classe trabalhadora do bairro de Vallecas, enquanto o Real tem raízes na aristocracia e na elite madrilenha. Esse pano de fundo adiciona camada emocional que vai além das quatro linhas.
Com os três pontos, o Atlético subiu para a segunda colocação, a apenas três pontos do líder. O Real, por sua vez, caiu para a quarta posição, ficando 11 pontos atrás. Essa mudança pode influenciar quem garantirá a vaga direta na fase de grupos da Champions League.
Julian Álvarez foi o grande revelação, marcando duas vezes e ajudando o Atlético a assumir a partida. Seu valor de mercado subiu cerca de 12 % após o duelo. Antoine Griezmann também voltou a brilhar, encerrando sua sequencia sem gols, o que pode aumentar seu valor de revenda.
Simeone declarou que a equipe cumpriu o plano tático à perfeição e que "cada jogador trouxe o seu melhor, mostrando que o Atlético tem força para lutar pelos grandes títulos desta temporada".
O Real joga contra o Atlético de Osasuna no próximo fim de semana, em 30 de outubro, fora de casa. O técnico Ancelotti já comentou que a equipe buscará reagir rapidamente para não perder ainda mais posições na tabela.
Analistas acreditam que a derrota pode acelerar a busca por reforços defensivos e melhorar a conexão entre o ataque de Benzema e o improvisado Vinícius. O clube já tem interesse em zagueiros experientes para dar mais solidez ao sistema.