Ferreira ataca convocações da Seleção na reta final do Brasileirão: 'Isso não existe em lugar nenhum' nov 21, 2025

Na noite de 7 de novembro de 2025, após o Palmeiras vencer o Santos por 2 a 1 no Allianz Parque, Abel Ferreira, técnico português de 46 anos à frente do clube desde 2020, disparou uma crítica sem precedentes contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele não apenas questionou a política de liberação de jogadores para amistosos da Seleção Brasileira, como rebateu diretamente Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, que afirmou recentemente que "a seleção deve ser prioridade". "Isso não existe em lugar nenhum", disse Ferreira, em tom de indignação, numa sala de imprensa ainda cheia do barulho da torcida que celebrava a vitória. Com apenas sete rodadas restantes no Campeonato Brasileiro Série A de 2025Brasil, o Palmeiras lidera com 68 pontos — três à frente do Flamengo — e vê sua caminhada ao título ameaçada não por derrotas, mas por jogadores que não podem jogar porque estão em viagens para amistosos na Europa.

Um calendário que desrespeita o clube

O problema é simples, mas devastador: enquanto os clubes brasileiros lutam pelo título em um campeonato que já dura oito meses, a CBF agendou dois amistosos da Seleção em plena reta final — contra o Senegal, em 15 de novembro, e contra a Tunísia, em 18 de novembro — ambos na Europa. Isso significa que jogadores como Víctor Rock e Flaco Lopes, titulares do Palmeiras, poderão ser convocados e não retornar a tempo para enfrentar o Santos, em jogo adiado para o dia 15, e depois o Vitória, em 19 de novembro, às 19h30, no Allianz Parque. A situação é ainda mais absurda porque a Argentina já anunciou sua lista, e seus jogadores — como os argentinos que atuam no Palmeiras — terão que viajar para um jogo em Angola antes de retornar ao Brasil. "Se o time da Argentina joga em Angola, e depois tem que vir jogar aqui, quem pensa nisso?", perguntou Ferreira, com um gesto de cansaço. "Não é só o Brasil. É o mundo inteiro que entende que, no fim da temporada, os clubes precisam de seus jogadores. Mas aqui, parece que o calendário é feito no papel de alguém que nunca viu um jogo de verdade."

"Não pedimos isenções, mas exigimos respeito"

Ferreira foi claro: o Palmeiras não vai pedir para a CBF liberar seus jogadores. "O Palmeiras não faz isso. O Palmeiras respeita muito o que é a seleção nacional, de todos os países. Que autoridade tenho eu ou o Palmeiras para pedir os selecionados para não convocar?" Mas, logo em seguida, a frase mudou de tom. "Isso não está certo. É vergonhoso. E isso não acontece em lugar nenhum. Não na Alemanha, não na Inglaterra, não na Espanha. Lá, os amistosos são marcados fora da reta final. Aqui, o clube perde, a torcida perde, o campeonato perde. E a CBF? A CBF não parece nem se importar."

Ele lembrou que, em 2022, a FIFA já havia sugerido que amistosos em datas de competições nacionais deveriam ser evitados — uma recomendação ignorada pela CBF. "Já passou da hora de alguém dizer: basta. Não é só o Palmeiras. O Corinthians, o Flamengo, o São Paulo — todos vão sofrer. E o que vai acontecer se um jogador se machucar na Seleção? Quem paga? O clube? A CBF? Ninguém."

A contradição de Ancelotti e o silêncio da CBF

Carlo Ancelotti, que comanda o Real Madrid e tem experiência em lidar com o conflito entre clubes e seleções, disse em entrevista que "a seleção é a alma do futebol". Mas Ferreira não concorda: "A seleção é a alma, sim. Mas o campeonato é o corpo. Sem corpo, não há alma. Se você tira os melhores jogadores do campeonato quando ele está na reta final, você não está valorizando a seleção — você está destruindo o campeonato."

A CBF, até o momento, não respondeu publicamente. Mas fontes internas revelam que há pressão de dirigentes para manter os amistosos, por causa de contratos de transmissão e de patrocínio com a Globo e a CBF Sports. "É dinheiro. É isso. O futebol brasileiro já se vendeu por isso antes — e agora está pagando o preço.", comentou um ex-diretor da CBF, sob anonimato.

Quem mais será afetado?

Quem mais será afetado?

Além do Palmeiras, o Flamengo pode perder Gabriel Martinelli e Matheus Cunha, ambos convocáveis pela Seleção. O Corinthians pode ter Victor Hugo ausente no clássico contra o São Paulo. E o São Paulo? Pode ficar sem Lucas Braga, que tem sido titular absoluto. Todos esses jogadores estão em fase decisiva da temporada. O impacto não é só esportivo — é financeiro. Um jogo de título com menos qualidade, menos jogadores de alto nível, significa menos bilheteria, menos publicidade, menos engajamento. "A torcida paga para ver o melhor. E o que ela vai ver? Um time com jogadores de reserva?", questionou um analista da Sportradar.

O que vem a seguir?

As próximas 72 horas serão cruciais. O Palmeiras vai enviar uma carta formal à CBF, pedindo reavaliação das datas. O Sindicato dos Jogadores Profissionais do Brasil (SJPB) já sinalizou que pode apoiar o movimento. E, mais importante: a FIFA tem uma reunião de emergência marcada para o dia 12 de novembro, em Zurique, para discutir o calendário global. Se a CBF não mudar de posição, o Brasil corre o risco de ser alvo de críticas internacionais — e até de sanções simbólicas. "Se isso continuar, o Brasileirão vai virar um campeonato de reserva. E ninguém vai mais acreditar nele.", disse Ferreira, antes de sair da sala. "Eu não quero vencer com jogadores de baixa qualidade. Quero vencer com os melhores. Mas os melhores não estão aqui. Eles estão em voos para a Europa, enquanto nós lutamos por um título que parece não importar para ninguém." Um futebol dividido

Um futebol dividido

Este não é apenas um conflito de datas. É um conflito de valores. Enquanto clubes brasileiros investem milhões em estrutura, treinadores e scouting, a CBF continua agindo como se o futebol nacional fosse apenas um "serviço" para a Seleção. Mas a realidade mudou. O Palmeiras é campeão da Libertadores. O Flamengo é vice-campeão mundial. O Corinthians tem o maior público da América do Sul. E ainda assim, quando a Seleção quer, os clubes se curvam. "Isso não é tradição. É submissão. E é inaceitável."

Frequently Asked Questions

Por que os amistosos da Seleção são marcados em plena reta final do Brasileirão?

A CBF agenda os amistosos em datas disponíveis, muitas vezes ignorando o calendário dos clubes, por pressão de contratos de transmissão e patrocínios com a Globo e a CBF Sports. Essas datas são escolhidas para maximizar audiência e receita, mesmo que isso prejudique o campeonato nacional. Em países como Alemanha e Inglaterra, amistosos são agendados fora do período decisivo da liga — algo que o Brasil ainda não adota.

Quais jogadores do Palmeiras podem ser convocados e quais jogos serão afetados?

Jogadores como Víctor Rock e Flaco Lopes estão na lista de convocáveis da Seleção Brasileira. Eles podem ser chamados para os amistosos contra Senegal (15/11) e Tunísia (18/11), o que os impediria de jogar contra o Santos em 15 de novembro e contra o Vitória em 19 de novembro. Ambos os jogos são decisivos para a liderança do Palmeiras no Brasileirão.

O Palmeiras pode pedir para não liberar os jogadores?

Não. Abel Ferreira afirmou que o clube não pedirá isenções, pois respeita a Seleção. Mas ele exige que a CBF reorganize o calendário para proteger os clubes na reta final. A responsabilidade é da entidade, não dos clubes. A FIFA já recomendou em 2022 que amistosos não ocorram em períodos de competições nacionais — recomendação ignorada no Brasil.

Como isso afeta o valor do Brasileirão?

Quando os melhores jogadores estão ausentes em jogos decisivos, a qualidade técnica cai, a torcida se desmotiva e a audiência diminui. Isso desvaloriza o campeonato perante o mercado internacional. Em 2024, o Brasileirão já perdeu 12% de audiência nos jogos da reta final por causa de convocações. Se continuar, o campeonato pode perder credibilidade e investimentos, afetando diretamente os clubes e os jogadores.

O que a FIFA pode fazer se a CBF não mudar de atitude?

A FIFA não pode impedir convocações, mas pode aplicar sanções simbólicas, como advertências públicas, perda de votos em eleições da entidade ou até exclusão de programas de desenvolvimento. Em 2021, a Uefa puniu a Federação Russa por descumprir calendário — o Brasil, por enquanto, ainda não enfrentou consequências. Mas com a reunião de emergência em Zurique em 12 de novembro, a pressão internacional pode aumentar.

Por que esse conflito é mais grave agora do que antes?

Porque o futebol brasileiro está mais competitivo e profissionalizado. O Palmeiras, o Flamengo e o Corinthians são clubes globais, com estrutura de topo. Jogadores como Víctor Rock e Flaco Lopes são referências internacionais. Não se pode tratar um campeonato com esse nível como secundário. Além disso, a mídia e os torcedores esperam mais — e não vão mais aceitar que o título seja decidido com times de reserva.

Graziela Barbosa

Graziela Barbosa

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários do Brasil. Sempre busco trazer um olhar crítico e informativo, prezando pela autenticidade e clareza. Meu trabalho é movido pela paixão em informar e pela necessidade de fomentar o debate público.

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