Noite de coração acelerado em Valência. Em uma partida aberta, com 23.415 torcedores no Ciutat de València, o Barcelona virou um 2 a 0 e derrotou o Levante por 3 a 2 neste sábado, 23 de agosto de 2025, pela 2ª rodada da La Liga. O placar confirma o início perfeito dos catalães: dois jogos, duas vitórias, seis pontos. O Levante, por sua vez, ainda não somou pontos.
O roteiro foi daqueles que alimentam a rivalidade recente entre os clubes. O Levante largou na frente com um contra-ataque preciso, ampliou nos acréscimos do primeiro tempo em cobrança de pênalti e foi para o intervalo com o jogo na mão. Só que o Barcelona voltou mais agressivo, encurtou espaços, empurrou o rival para trás e construiu a virada em 43 minutos de pressão constante.
A cronologia explica a montanha-russa. Iván Romero abriu o placar aos 15 minutos, após transição veloz em jogada iniciada por Jeremy Toljan. Já nos acréscimos, aos 45+7, José Luis Morales bateu com segurança a penalidade que levou o Levante para o intervalo com 2 a 0. A resposta veio cedo: Pedri descontou aos 49, Ferran Torres virou a chave aos 52, e a vitória só ficou sacramentada aos 90+1, em desvio contra do zagueiro Unai Elgezabal.
Em números, o domínio territorial do Barcelona apareceu, sobretudo, nos escanteios: 11 a 1. Impedimentos, curiosamente, ficaram iguais. O volume refletiu a postura pós-intervalo: amplitude pelos lados, circulação rápida e muitas bolas cruzadas na área.
O destaque técnico passa por Pedri. O meia viu, antecipou e executou em ritmo alto. No gol que reacendeu o time, ele atacou a meia-lua, recebeu na boa e finalizou com precisão. Três minutos depois, Ferran Torres ganhou confiança em infiltração curta e bateu firme para empatar. A partir dali, a defesa do Levante perdeu referência, recuou demais e abriu corredor para as chegadas de segunda linha.
Quem acionou a engrenagem pelos flancos foi Lamine Yamal. O ponta abriu o campo à direita, atraiu marcação dupla e criou espaços para os meias pisarem na área. Do outro lado, Alejandro Balde fez o que sabe: ultrapassagens, fundo e cruzamentos. Raphinha foi o outro escape, alternando conduções em diagonal e passes de ruptura. Esse trio, somado à presença mais constante de Pedri entre linhas, empurrou o Levante até o limite físico.
O gol contra que decidiu a partida nasceu de insistência. Nos acréscimos, com o Barcelona plantado no último terço, a bola atravessou a área em cruzamento forte. Pressionado e sem tempo para ajustar o corpo, Elgezabal desviou para dentro. O estádio caiu no silêncio clássico de quem sente o jogo escapar entre os dedos.
Do lado do Levante, vale sublinhar o início intenso. A equipe foi cirúrgica no primeiro tempo: linhas compactas, recuperação rápida e saída vertical. O 1 a 0 nasce justamente dessa leitura: recuperar, acelerar e finalizar antes da recomposição catalã. O 2 a 0, de pênalti, coroou a eficiência. O problema veio depois do intervalo: o time não encontrou a mesma energia para competir no meio-campo e sofreu com a avalanche pelos lados.
O histórico do confronto ajuda a entender o peso do resultado. Desde 2011, são 30 jogos com ampla vantagem do Barcelona: 23 vitórias, quatro empates e apenas três derrotas. A noite em Valência manteve esse padrão, mas com drama até o apito final. E isso diz muito sobre o momento do Levante: competitivo, capaz de ferir, porém ainda irregular na gestão da vantagem.
Para o Barcelona, os três pontos somam mais do que tabela. O time exibiu resposta mental forte. Reação após um primeiro tempo de frustração, ajustes simples e eficientes e protagonismo de jovens que já mudam partidas. Em um campeonato longo, noites assim sustentam confiança e vestiário.
No desenho tático, ficou nítido o plano catalão: amplitude para alongar a linha defensiva rival, laterais em altura média e meia criativo atacando o espaço entre zagueiros. Quando o ritmo subiu, o Levante não conseguiu proteger a zona do rebote nem vencer as segundas bolas. Os 11 escanteios a favor do Barça nasceram desse cerco.
Individualmente, Lamine Yamal desequilibrou ao atrair dobragens, Raphinha acelerou as transições e Balde foi válvula constante. Pedri foi o cérebro e a faísca. Ferran Torres, oportunista, apareceu no lugar certo e na hora certa. Do outro lado, Iván Romero e Morales foram letais nas poucas chances claras que tiveram no primeiro tempo.
Na tabela, o efeito é direto: o Barcelona chega a seis pontos e mantém o início perfeito na La Liga 2025/26. O Levante, com duas derrotas, terá de reagir para não carregar pressão cedo demais na temporada. Ainda é rodada 2, mas cada ponto pesa quando a briga é apertada no meio da classificação.
Os lances-chave que mudaram a partida ajudam a entender a virada e a queda de ritmo do Levante depois do intervalo. Abaixo, os momentos que definiram o jogo no Ciutat de València.
A atmosfera ajudou a construir o drama. O Ciutat de València empurrou o Levante enquanto houve fôlego. Quando o Barcelona encaixou a pressão alta, a arquibancada tentou chamar o time de volta, mas o relógio jogou contra. Nos acréscimos, a bola teimou em ficar perto da meta granota até o desvio final.
Em resumo de desempenho, o Barcelona foi melhor nas faixas laterais e na bola parada ofensiva; o Levante, mais agudo nas transições do primeiro tempo. O placar reflete a soma: eficácia inicial dos donos da casa e volume tardio e insistente dos visitantes. Para os catalães, a vitória vale peso de liderança e moral. Para o Levante, fica a lição de segurar vantagem em jogos grandes e gerenciar o cansaço depois do intervalo.
Se você olhar só para os números frios — 11 a 1 em escanteios e igualdade em impedimentos — já dá para entender a paisagem do segundo tempo: um time martelando, o outro tentando resistir. O detalhe que decide é a bola que bate e entra. E foi exatamente isso que terminou por escrever a história de Levante x Barcelona nesta rodada.