Moraes manda investigar deputado Filipe Barros por supostos crimes de soberania nacional jul 28, 2025

Deputado é alvo de inquérito após viagens e articulações nos EUA

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou uma investigação contra o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) por indícios de crimes ligados à soberania nacional. O que pesa contra Barros? Segundo documentos enviados ao STF, o parlamentar participou, junto ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de reuniões com políticos norte-americanos em maio de 2025. Nessas conversas, tentaram pressionar autoridades dos EUA a adotar sanções contra juízes brasileiros – inclusive Moraes – com base na chamada Lei Magnitsky, usada nos Estados Unidos para punir estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos.

Barros, que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, esteve lado a lado com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em encontros com o congressista republicano Cory Mills. Mills lidera o Subcomitê de Inteligência e Segurança Nacional da Câmara dos Representantes norte-americana, um nome de peso na oposição a países que, segundo ele, afrontam princípios democráticos. O alvo? Pressionar o secretário de Estado Marco Rubio, também republicano, a tomar medidas contra autoridades do Judiciário brasileiro, incluindo cancelamento de vistos e possíveis sanções econômicas e políticas.

Diplomacia sob discussão e risco de interferência internacional

Por que o caso despertou tanta repercussão? Para Moraes, as articulações de Barros e Eduardo Bolsonaro colocariam o Brasil sob risco real de influência estrangeira, afetando a autonomia dos poderes nacionais. Segundo o despacho do ministro, a tentativa de envolver autoridades dos EUA para agir contra magistrados brasileiros não só questiona a soberania jurídica, como abre portas para interferência direta em decisões internas do país.

É a primeira vez que Barros se vê formalmente implicado em um caso deste tipo, embora o inquérito já tivesse Eduardo Bolsonaro como investigado. Vale frisar que, até o momento, Barros não é réu – ser investigado é o estágio prévio, quando indícios levam o STF a apurar mais a fundo suas intenções e ações.

O contexto desse novo braço de investigação é tenso. Alexandre de Moraes, semanas antes, havia determinado restrições rigorosas para o ex-presidente Jair Bolsonaro, mandando instalar tornozeleira eletrônica e bloqueando suas redes sociais. Isso irritou círculos políticos próximos ao clã Bolsonaro e motivou o senador americano Marco Rubio a anunciar o cancelamento de vistos de entrada nos EUA para Moraes e outros sete ministros do STF, além de familiares. Para adversários do governo Lula, a escalada virou símbolo de suposta retaliação internacional, enquanto defensores da decisão alegam precisão legal e defesa da independência institucional.

Filipe Barros tem rebatido as acusações. Diz que a viagem aos Estados Unidos fazia parte de sua agenda diplomática oficial, marcada por reuniões para debater política externa e cooperação parlamentar. Nos bastidores, a agenda real teria ido além do previsto, alimentando o debate sobre os limites entre atuação parlamentar e prática de lobby antinacional fora do país.

O caso reacende uma polêmica antiga: políticos brasileiros podem acionar ou instigar governos estrangeiros a punir autoridades do próprio país? Para especialistas, a fronteira entre atuação internacional e defesa da Constituição é tênue, ainda mais em tempos de polarização intensa e desconfiança sobre instituições.

Graziela Barbosa

Graziela Barbosa

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários do Brasil. Sempre busco trazer um olhar crítico e informativo, prezando pela autenticidade e clareza. Meu trabalho é movido pela paixão em informar e pela necessidade de fomentar o debate público.

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