A tradicional Corrida São Silvestre, realizada todos os dias 31 de dezembro, ganhou um novo herói: João Mendes, que trabalhou até 2022 como coletor de lixo nos bairros da zona sul. Depois de decidir abandonar a função para treinar de forma integral, João entregou um desempenho impressionante, cruzando a linha de chegada como o principal brasileiro entre mais de 7 mil participantes.
O tempo de 57 minutos e 32 segundos deixou especialistas intrigados. São Silvestre costuma atrair atletas de elite, mas poucos conseguiam combinar a rotina extenuante de coleta de resíduos com o treinamento de alto nível. João contou que, enquanto percorria as ruas com o caminhão, já praticava intervalos de velocidade, usando os períodos de parada para exercícios de força.
O atleta passou a seguir um plano de quatro sessões semanais, combinando corrida de longa distância, treinos de ritmo e trabalho na academia. Sua história chamou a atenção de um clube de atletismo local, que ofereceu bolsa de treinamento e acompanhamento fisioterapêutico. O suporte foi decisivo para que ele mantivesse a carga de treino sem lesões.
Além da conquista pessoal, a vitória trouxe visibilidade para a classe dos trabalhadores urbanos. Nas redes sociais, milhares de usuários elogiaram a determinação de João, destacando a importância de reconhecer talentos que surgem fora das academias tradicionais. O prefeito de São Paulo, presente na cerimônia de premiação, entregou a medalha ao atleta e prometeu apoiar projetos de esporte comunitário.
O resultado também influenciou a programação de corridas em outras cidades brasileiras. Organizações esportivas relataram aumento de inscrições de atletas amadores, especialmente daqueles que exercem funções consideradas “não esportivas”. A mensagem que fica é clara: dedicação e oportunidade podem transformar um coletor de lixo em referência nacional.