Quando Gal do Beco, sambista de longa data, subiu ao palco do programa Mosaico BaianoSalvador, ao lado da tradicional Viola de Doze, o público sentiu o pulso vibrante do samba raiz que nasce nas ruas do Pelourinho. A transmissão, realizada em 4 de outubro de 2024, destacou como o ritmo baiano continua a moldar a identidade musical do Brasil e a influenciar gerações.
Apesar de ser associado ao Rio de Janeiro, o samba tem raízes profundas na Bahia, onde a mistura de batuques africanos, modinhas portuguesas e cantos de rua deu origem a uma sonoridade única. O Pelourinho, coração colonial de Salvador, ainda hoje serve de palco para rodas que mantêm viva a tradição.
Especialistas apontam que a migração de músicos nordestinos para o Rio, no início do século XX, levou consigo elementos baianos que foram incorporados ao que conhecemos hoje como samba. Essa troca cultural explica por que artistas baianos como Gal do Beco se sentem herdeiros de um legado que atravessa fronteiras estaduais.
Originária do Rio, Gal mudou-se para a Bahia há 46 anos e, segundo ela, encontrou no estado seu verdadeiro lar musical. "Meu samba é raiz, não faço quebradeira nem samba de roda. Gosto, canto e sambo, mas no ‘gogó’ é só samba raiz", declarou em entrevista ao Mosaico Baiano. Ela cita como maiores influências Arlindo Cruz, Nelson Rufino e Batatinha – nomes que, para ela, personificam a pureza do gênero.
A artista também enfatiza que o samba raiz não é mera nostalgia; ele exige "um molejozinho" que só nasce da experiência de viver o ritmo nas esquinas de Salvador, na madrugada das ladeiras do Pelourinho. Essa perspectiva traz à tona a importância da presença física do artista nas comunidades, algo que o streaming ainda não consegue replicar.
Formada por Helon Neves e Menininho, a Viola de Doze se destaca por uma discografia que une reverência e renovação. O grupo lançou, em 2018, o álbum Samba de Raiz (11 faixas, 35 min 21 s), seguido por O Samba de Roda da Bahia em 2020 (11 faixas, 26 min). Mais recentemente, em 25 de maio de 2023, chegou NO PELOURINHO - SALVADOR - BAHIA, com 25 faixas totalizando 91 min 29 s.
Além dos lançamentos, a banda mantém agenda intensa de shows ao vivo, principalmente na Praça Tereza Batista, no coração histórico de Salvador. A presença constante nas feiras e nos eventos do SESC demonstra um compromisso que vai além da gravação: é uma ação de educação cultural.
O ponto alto da edição de 4 de outubro foi a performance conjunta intitulada "VIOLA DE DOZE AO VIVO 11 A MASSA Part GAL DO BECO". Filmada no estúdio da TV Band, a apresentação mesclou a energia de Gal com a harmonia da Viola, criando um momento que os espectadores descreveram como "um abraço sonoro".
O vídeo, que já ultrapassa 200 mil visualizações no YouTube, mostrou o público cantando junto, reforçando a ideia de que o samba raiz ainda tem força para mobilizar multidões. Comentários nas redes sociais ressaltaram a "autenticidade" da sessão e a necessidade de mais iniciativas que coloquem artistas locais em destaque nacional.
A união de Gal do Beco e Viola de Doze sinaliza que o samba raiz não está congelado no passado; ele se adapta, dialoga e, sobretudo, resiste. Analistas da Fundação Casa da Cultura da Bahia apontam que projetos como o do Mosaico Baiano são vitais para manter viva a memória coletiva.
Para o futuro, os músicos planejam uma turnê pelo interior baiano, incluindo cidades como Feira de Santana e Ilhéus. O objetivo, segundo Helon Neves, é "levantar a bandeira do samba raiz em cada esquina, para que a nova geração não se esqueça de onde vem o ritmo".
Enquanto isso, Gal do Beco continua a compor novas letras inspiradas nas festas de São João e nas tradições afro‑baianas, mantendo a chama acesa em cada batida do pandeiro.
A mistura de estilos atrai jovens que, normalmente, consomem música digital. Ao ver artistas consagrados cantando samba raiz ao vivo, eles passam a valorizar a tradição e a buscar participar de festas de rua e workshops oferecidos por grupos como a Viola de Doze.
Gal afirma que o samba de roda é mais coletivo, com danças circulares e improvisação, enquanto o samba raiz que ela interpreta foca na melodia vocal e na percussão tradicional, mantendo uma estrutura lírica mais fixa.
Em menos de 48 horas, o trecho da performance recebeu mais de 50 mil curtidas no Instagram e gerou discussões sobre a necessidade de mais programas regionais que deem visibilidade a artistas de samba raiz.
Além da turnê interiorana, o grupo planeja lançar um álbum ao vivo gravado nas praças históricas de Salvador e criar oficinas de percussão nas escolas públicas, em parceria com a SESC e a Prefeitura de Salvador.
Túlio de Melo
7 outubro, 2025 19:00O samba raiz nos lembra que a história pulsa nas ruas como um coração que não para.
Jose Ángel Lima Zamora
7 outubro, 2025 19:16É importante salientar que o samba, embora associado ao Rio de Janeiro, tem suas raízes firmemente estabelecidas na Bahia, onde a confluência de batuques africanos, modinhas portuguesas e cantos populares gerou uma sonoridade única que precede o desenvolvimento daquilo que hoje se entende como samba carioca. Essa afirmativa é corroborada por estudos etnomusicológicos publicados nas últimas décadas.
Debora Sequino
7 outubro, 2025 19:33Mas que surpresa, hein?! Gal do Beco aparecendo num programa de TV como se fosse um simples hobby, enquanto a gente luta para manter viva a tradição nas esquinas do Pelô... Que glorioso! Afinal, quem precisa de autenticidade quando se pode colocar uma banda de ocasião e chamar de "resgate cultural"? !!! É mas falta de respeito mesmo.
Marco Antonio Andrade
7 outubro, 2025 19:50Gente, que energia boa essa parceria! A voz da Gal se mistura com a percussão da Viola de Doze e dá aquele toque de cor que faz a gente sentir o cheiro do mar, o calor das ladeiras e o batuque dos antigos mestres. É como se a história fosse contada em ritmo, trazendo vida nova pra tradição sem perder a raiz.
Todo mundo avisa: isso não é só música, é identidade!
Rafaela Antunes
7 outubro, 2025 20:06Eu acho que esse tal de "samba raiz" está supervalorizado, tem muito gente que acha que tudo que vem da Bahia é pim pom, mas na verdade tem muita repeticao e falta de criatividade. Sabe, o que eu vejo é que muitos artistas só querem copia o passado sem trazer nada novo, isso perde a essência de verdade.
vinicius alves
7 outubro, 2025 20:23Olha, eu meio que curto a vibe, mas a performance parece um remix de marketing, cheio de hype sem muita substância. Tipo, tem muita parada de branding e pouca pegada autêntica, saca?
Luciano Hejlesen
7 outubro, 2025 20:40Não dá pra ficar calmo diante desse espetáculo tão… superficial. A produção parece mais um espetáculo de luxo para turistas do que um verdadeiro resgate cultural 🧐. A música se torna commodity e perde sua alma.
Marty Sauro
7 outubro, 2025 20:56Que maravilha, né? Outro show de TV que nos faz sentir que a tradição está viva, mesmo que seja só por alguns minutos de entretenimento. Aposto que depois todo mundo volta à sua playlist de streaming.
Aline de Vries
7 outubro, 2025 21:13Olha, acho q isso é importante, mas tem q ter mais envolvimento da comunidade, não só TV. A galera precisa sentir o samba nos coraçôes, não só nos telês.
Mauro Rossato
7 outubro, 2025 21:30Vamo lá galera, não esqueçamo que a cultura baiana tem muito mais que esse show de TV. Tem o som das ruas, as rodas de samba de verdade, e o calor humano que nenhum estúdio pode reproduzir. A gente tem que apoiar os projetos de base, não só o espetáculo.
Tatianne Bezerra
7 outubro, 2025 21:46É isso aí, pessoal! Chega de ficar só no discurso, vamos pra ação! Levanta a bandeira, grita nos becos e mostra que o samba raiz não vai morrer! Quem tá por trás dessa superficialidade vai ter que encarar a força da nossa comunidade!
Bruna Boo
7 outubro, 2025 22:03Eu concordo que tem um certo brilho comercial, mas não dá pra negar que o programa trouxe visibilidade pra galera que luta diariamente nas praças. Ainda bem que tem crítica, senão cairíamos na autopromoção total.